Quanta fé e esperança,
quanta intemperança e unidade,
quanta força de vontade foi empregada
para que aqui chegasse a nau primeira?
Quanto êxtase e esforço voluntário,
quanta tenacidade na faina marinheira?
Quantos astros foram lidos e relidos,
quantas cartas náuticas rasuradas,
Quantos pergaminhos foram
exaustivamente estudados?
Quantas vezes o sol se deitou no poente,
quantas léguas foram vencidas,
quanta espera por notÃcias,
quanta vigÃlia em vão,
quantas idas e vindas se deram
para que enfim gritassem
do alto da nau capitânia:
“Terra à vista!â€
Pelos altiplanos era o caminho
continental dos povos singelos,
a trilha engastada na estrutura selvagem,
os degraus escavados
na verde muralha.
Na cordilheira longÃnqua
vivia o supremo rei branco
com seus reluzentes tesouros.
Nas fábulas morava, no topo da América,
numa mina de prata.
A epopeia trespassou a alma
dos exilados, frutificou na imagética
daquele homem degredado,
abandonado à própria sorte.
Assim Garcia Aleixo empreendeu
sua saga na confluência dos rios,
por entre as araucárias andou,
por serranias e charcos pegajosos,
empapados perigosos, rumores.
Por estes liames agarrou-se o aventureiro
desde as fÃmbrias iniciais,
com sua mão procurando as alturas,
apalpando o enlameado caminho,
tingindo com lutas de morte
sua ambição desmedida.
Assim ele ferveu seu sangue,
verteu seu choro,
feneceu seu sonho,
feriu seus semelhantes.
Andando pelas ruas do meu paÃs
eu me pergunto: o que vale a vida?
Tenho encontrado fraternidade
no coração de muitos homens,
embora outros tantos tenham se corrompido.
Quando abro os jornais do meu paÃs
eu me pergunto: o que vale a vida?
Às vezes a vida no meu paÃs
vale um par de tênis surrado e nada mais,
a vida em meu paÃs pode valer um relógio usado,
uma simples bijuteria confundida por joia.
Às vezes a vida no meu paÃs
não chega nem mesmo a valer este tanto!
Pelas ruas do meu paÃs paira o perigo:
os bandidos formaram quadrilhas,
os canalhas formaram matilhas.
Há desamor e ódio pelas ruas do meu paÃs.
Tua alma livre atendia tão somente
aos apelos da redoma da terra luminosa,
eras o livre ser com livre arbÃtrio,
aquele que andava entre as feras sanguinárias.
Sob um teto de estrelas
tua existência permeava de sombras
o caminhar do natural relógio:
Horas vividas sob ásperas nuvens,
ponteiros marcando a lépida passagem.
E dançavas sob o sol causticante,
e cantavas as cantigas milenares,
e rompias o silêncio imensurável,
e convocavas os espÃritos dos antepassados,
e pulavas e corrias e amavas
a alegria de ser simples.
O mundo era verde.
Era verde até a medula.
densa visão do paraÃso
sob os trópicos.
Adões e Evas passeavam
seminus pelas restingas.
O tempo era verde,
verde eram os minutos, as horas.
Em verdolengos biomas,
caules e brotos;
frutas, ciprestes,
alfombras, limos, musgos, plantas,
árvores, pássaros esverdeados.
Verde era o espelho dos rios,
a trilha na mata,
o integral cenário da terra.
O verde subindo serranias,
cobrindo montanhas,
cada palmo de chão era verde
exuberante, vertiginoso.
Em tons sobre tons,
a vegetação por toda a superfÃcie
era verde.
Mata integral integrada
ao solo primoroso de Pindorama.
Muito antes da chegada do homem branco nas terras americanas, elas já eram habitadas por um sem número de nações indÃgenas. Donos legais deste continente, os povos tupis a chamavam de Pindorama, palavra que significa “região das palmas†ou “paÃs das palmas.â€
De fato, basta que olhemos para qualquer direção do território nacional, para verificarmos algum tipo de palmeira em nosso campo óptico. Quantos dentre nós, já teremos visto uma árvore de pau-brasil?
As palmeiras, estas árvores singelas, sempre foram de extrema utilidade para o meio ambiente e o homem, pois dão frutos que nos alimentam e sustentam aos outros animais, sua madeira é empregada na construção de moradias, suas folhas servem de palha para os telhados, suas copas, de ninhos para os pássaros, seus sumos dão ceras para o fabrico de velas, geram cordames e cabos para embarcações de cabotagem, lubrificantes, polpa de sucos, esmaltes, tintas, vernizes e sabões.
No afã de criar um poema para a “alma mater†estendi-me por longos e aprofundados estudos, num ardoroso trabalho de transformar fatos históricos, pessoas, lugares, costumes, tradições e as mais variadas temáticas em poesia, no firme propósito de prestar minha homenagem ao nosso paÃs.
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