Tanto fomos… Tanto voltamos…
Em rotas confusas e desmedidas,
barcos errantes singrando os mares,
cais de esperas e despedidas.
Amor amigo a morrer nas praias,
dois corações e suas cicatrizes,
os danos todos que nos causamos
envenenando fundo nossas raÃzes.
Não tenho agora todas as palavras
para narrar tamanhos desencontros.
Talvez nunca estivéssemos atados,
talvez nunca ficássemos prontos!
Não estamos presos,
desfrutamos da liberdade
para fazer o que quisermos
de algum jeito.
Mas não escaparemos ilesos
de tudo o quanto
houvermos feito.
Não há quem
não morra constantemente
de variadas maneiras:
A vida é para se viver
morrendo de amor, de amar;
de vergonha! Morrer de saudades!
Morrer de fome, de sono,
no abandono duma masmorra.
Morrer vivendo,
revivendo, ir vendo, revendo;
testemunhando o milagre da vida.
Viver é morrer a cada instante:
morrer de vontade, de preguiça,
morrer de medo, de paixão,
morrer no triste degredo,
morrer levando consigo um segredo…
Porque não há
quem não morra diariamente,
até morrer-se completamente!
No fundo do baú há
uma história Ãntima,
uma paixão efêmera,
uma Ãnfima certeza.
No fundo do baú
os anos foram ávidos,
as fotos amarelaram,
as lágrimas secaram.
No fundo do baú há
um envelope lacrado,
um sentimento contido,
uma áspera saudade.
No fundo do baú há
uma dádiva esquecida,
uma dÃvida saldada,
uma dúvida mantida.
Cada dia que nasce
é um presente do mundo.
Tente ser diferente:
ame sempre mais fundo.
Porque viver
é só ser pó de repente!
Anavilhanas é o nome de um gigantesco conjunto de ilhas fluviais da Amazônia e o segundo maior do mundo, perdendo em tamanho apenas para Mariuá, seu irmão e vizinho bem próximo, descoberto mais recentemente com a ajuda de modernos satélites. Trata-se, certamente, de um dos lugares em que a natureza do Brasil é mais exuberante e extraordinária.
Fui buscar inspiração para o nome deste livro na semântica sonoridade e musicalidade desta palavra que particularmente acho tão bela: “Anavilhanas!â€
Desta forma singela também presto minha homenagem a este magnÃfico pedaço da natureza encravado no coração do nosso imenso paÃs. Com estes poemas anavilhanos, anavilhados, insulares, como o são os homens e as coisas do mundo, maravilhados, maravilhantes!
Assim cada poema da origem a uma ilha a ser visitada e em cada visita desvendamos um pouco do grande arquipélago formado por estas.
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