Este palco é grande à beça,
não termina, nem começa!
O que foi de Ramsés primeiro,
o que foi de Ramsés segundo,
o que foi de Ramsés terceiro
já não cabem no ranço do mundo!
O que foi de Galileu Galilei,
o que foi de Jesus da Galiléia,
o que foi da grande Pangéia
já não remendam o aço do mundo!
O que foi de Moisés,
o que foi de Maomé,
o que foi de Mao Tsê Tung
já não impedem o baço do mundo!
Eu só queria saber
para onde é que vão
as coisas quando terminam?
Eis que irrompem desde o chão,
por colunas de fêmures e tÃbias,
num barro remodelado pelo tempo,
no pardo cimento do anonimato,
as cornijas do que foram antes:
homens imbuÃdos em projetos,
mulheres amantes subservientes,
almas, vÃsceras e excrementos.
Agora compilam tal espetáculo
no silêncio deste frio inquilinato:
um templo de extático movimento
sob a egrégia, frágil cúpula do teto.
Dizimados foram nos patÃbulos,
antes gargalhavam sobre a morte,
hoje formulam só o pálido ornato
esmaecido ao pó da própria sorte.
Pagam ora sua dÃvida de dÃzimos
ofertando-nos os próprios ossos,
posto que em crânios insepultos
já miram em nós nossos destroços!
Lá em cima
luzes, astros,
rota de cometas.
Cá em baixo
vermes, bombas,
metal de baionetas.
I
Vai
bergantim sem mastros,
rumo ao mar etéreo,
desvendar mistérios,
decifrar os astros.
Avança
aos confins do espaço,
aos extremos cinturões de aço
da mais fria das membranas.
Captura com tua lente
as fotografias das douradas
filigranas,
a tardia imagem
da floresta luxuriante,
o jardim celeste e cintilante;
chafurda-te
nas noites infinitas.
Do berço ao túmulo, a trajetória de um homem sobre a terra é envolta por insondáveis mistérios. Embora nosso ciclo vital seja tão breve quanto à bruma das manhãs; desde tempos imemoriais que tentamos desvendar e entender um pouco acerca de nossa própria origem, os desÃgnios e os enigmas que norteiam nossa raiz sideral, o calor do fogo estelar e indelével que viaja e viceja em nosso sangue.
Ao nosso entorno, no entanto, pulsa um cosmo que incessantemente se expande e se renova. Sob este imensurável oceano de infinitas galáxias estamos presos aos próprios limites, imantados ao solo sagrado pela força da gravidade, efemeramente caminhando sobre este pequeno, maravilhoso e paradisÃaco planeta ao qual chamamos de terra. É ela que nutre nosso corpo, é sobre ela que vivenciamos o milagre da vida e o mistério da morte, nosso torrão cósmico, ventre-mãe, chão de muitos deuses e adeuses.
Atormentam-nos ainda, velhas dúvidas, medos e anseios antigos quanto ao passado desconhecido, ao futuro indefinido: Donde viemos? Para onde iremos? Perguntas tão simples quanto poderosas, que, todavia, permanecem sem respostas através dos milênios.
De minha parte, desejo apenas viver, amar, respeitar e partilhar a vida com as demais criaturas que, como eu, dividem a plenitude da existência. Afinal, somos todos um só-ser: aves e árvores, bichos, insetos e plantas, e viver assim, certamente, nos fará maior, melhores e mais felizes.
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